CATIRA
A palavra
original “Folk-lore” significa segundo Thoms o “saber vulgar” que foi utilizada
em uma famosa carta ao Athenaeum de Londres, publicada a 22 de agosto de 1846.
Seu propósito era salvar restos de lendas, de baladas, tradições, dos usos e
costumes antigos. Não levava em conta a realidade social de que tais elementos
faziam parte. Essa coleta enquadrava-se nas tendências gerais do pensamento
europeu onde valorizava o romantismo, os costumes nacionais, em que os temas
eram oriundos de gente simples do campo, revelava canções, superstições,
contos, representações e festas tradicionais, remanescentes de eras remotas.
As teorias
de busca dos fenômenos folclóricos teriam seu ponto de partida no Pantschatantra
e no Hitopadesa da velha Índia, segundo Benfey; na Índia e nos povos
de língua indo-européia, segundo Max Müller; no Egito segundo Elliot Smith e W.
J. Perry; na Assíria e Babilônia, segundo Winckler.
A "Catira", que também pode ser
chamada de cateretê,
é uma dança
do folclore
brasileiro,
em que o ritmo musical
é marcado pela batida dos pés e mãos dos dançarinos. De origem híbrida, com
influências indígenas, africanas
e européias,
a catira (ou "o catira") tem coreografia executada na maioria das
vezes por homens (boiadeiros e lavradores) e pode ser formada por seis a dez
componentes e mais uma dupla de violeiros, que tocam e cantam a moda.
É uma dança típica do interior do Brasil,
principalmente na área de influência da cultura caipira
(Minas Gerais,
Mato Grosso,
norte do Paraná,
Goiás,
interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul).
A coreografia da catira apesar de parecer semelhante varia
bastante em determinados aspectos, havendo diferenças nitidas de uma região
para outra. Normalmente é apresentada com dois violeiros
e dez dançadores.
Origem
Segundo historiadores,
a dança foi incurtida no caminho das bandeiras,
pois era praticada pelos peões
dos Bandeirantes,
e assim foi sendo defendida pelos peões por onde eles acampavam.
Diversos autores, entre eles Mario de Andrade, nos
contam que a catira no Brasil, se originou entre os índios
e que o Padre José de Anchieta, entre os anos de 1563 e 1597, a incluiu nas
festas de São Gonçalo, de São João e de Nossa Senhora da Conceição, da qual era
devoto. Teria Anchieta composto versos em ritmo de catira para catequizar índios
e caboclos
e a considerada própria para tais festejos, já que era dançada somente por
homens, fato que se observa, ainda hoje, em grande parte do país. Atualmente,
ela é dançada também por velhos e crianças.
Há, porém, os que dizem que ela veio da Oceania
junto com os australianos e outros acham que é de origem alemã. O certo é que
ela adquiriu características desses três grupos citados, podendo até ter
recebido influências de outros povos que para o Brasil imigraram. A família
Malaquias da região de Mato Grosso do Sul é uma das grandes divulgadoras da
dança.
Evolução
A Catira em algumas regiões é executada
exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade
de cada uma delas fica o violeiro que tem à sua frente a sua “segunda”, isto é,
outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria, entoando uma terça
abaixo ou acima. O início é dado pelo violeiro que toca o “rasqueado”, toques
rítmicos específicos, para os dançarinos fazerem a “escova”, bate-pé, bate-mão,
pulos. Prossegue com os cantadores iniciando uma moda viola, com temática
variada em estilo narrativo, conforme padrão deste gênero musical autônomo. Os
músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançarinos reproduzem
o bate-pé, bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e mão.
O tempo da cantoria é o descanso dos dançarinos, que aguardam a volta do
rasqueado.
Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e
giram batendo os pés alternados com as mãos: é a figuração da “serra abaixo”,
terminando com os dançarinos nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com
Recortado: as fileiras, encabeçadas pelos músicos, trocam de lugar, fazem
meia-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento os violeiros cantam uma
canção, o “levante”, que varia de grupo para grupo. No encerramento do
Recortado os catireiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos. É uma dança
trazida pelos boiadeiros, eles iam tocando os gados, rancho a fora quando
descobriram que no assoalho daquele rancho fazia um barulho interessante, eles brincavam
de bate palmas e pés.
Este
trabalho se refere à discussão se a dança do catira seria mais uma opção de
entretenimento entre as comunidades tradicionais caipiras. Nos dias atuais a
necessidade por entretenimento é mais que uma realidade, é uma questão de saúde
pública. O stress do dia a dia arrebata o tempo e deixa expostos todos os
desequilíbrios físico-psíquicos que o trabalho intenso e descontrolado provoca
em todos nós. Se observarmos as comunidades que desenvolvem a cultura popular
como meio de entretenimento, não encontraremos esse perfil de stress. A dança
do catira nas culturas tradicionais, mostra dos seus praticantes uma alegria
contagiante, um compromisso social que eleva a alto estima e estimula o bem
estar comunitário.
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E quais são o seus trajes?
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