DANÇAR FAZ BEM, CATIRA TAMBÉM
Dança como conteúdo de ensino nas aulas de
Educação Física escolar
Problematizando alguns
desafios da prática pedagógica na atualidade. Considerando este estudo que
envolve a dança trazemos algumas questões. Por que as pessoas dançam ou não?
Quais os benefícios que a dança pode proporcionar aos praticantes? Quais as
condições de aplicabilidade da dança na escola?
Em busca destas respostas decidimos estudar o tema de forma mais aprofundada. A dança sempre fez parte da vida humana e antes mesmo do homem falar ele se expressava corporalmente por meio da dança ritualística buscando aproximar-se das forças da natureza. Tavares (2005, p. 93) explica que existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver.
Com o passar dos anos, a dança foi sendo cada vez mais conhecida e valorizada. Atualmente, é um importante conteúdo de ensino e aprendizagem nas aulas de Educação Física escolar, no entanto, é pouco explorado, ou ainda é desenvolvido de forma descontextualizada.
A Educação Física, segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 41), possui conhecimentos específicos a serem tratados pedagogicamente, sistematizados no contexto escolar. Dentre esses conteúdos, materializados na expressão corporal como linguagem, encontra-se a dança.
Segundo Verderi (2000, p. 59), a dança pode criar condições para que se estabeleçam relações interativas, propiciando o conhecimento do próprio corpo e de suas possibilidades como forma de compreensão crítica e sensível do mundo que nos rodeia. No entanto, o trabalho com este conteúdo na escola, muitas vezes, se restringe as apresentações em festividades escolares, “as dancinhas”, ou seja, coreografias elaboradas exclusivamente pelos professores a serem incorporadas de forma “mecânica”, as quais não têm significado para os alunos, pois são tratadas de forma superficial.
De acordo com Marques (2007, p. 101), um repertório de dança bem ensaiado não cumpre o papel artístico e educativo. A dança na escola tem o compromisso de “ampliar a visão e as vivências corporais dos alunos em sociedade a ponto de torná-lo um sujeito criador-pensante de posse de uma linguagem artística transformadora”.
Ressaltamos aqui a importância da dança como patrimônio histórico cultural da humanidade e como linguagem artística que possibilita o desenvolvimento da criatividade, de uma forma de expressão poética de idéias, sentimentos, visões de mundo.
Não podemos nos esquecer também de que a dança já faz parte do contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais tanto de Educação Física como de Arte, ou seja, uma prática da cultura corporal a ser desenvolvida de forma interdisciplinar na escola. (BRASIL, 1997; 1998).
No entanto, Marques (2007) ressalta que na maioria dos casos os professores não sabem o que, como ou até mesmo por que ensinar dança na escola, refletindo as lacunas na formação profissional em Educação Física. Portanto, admite-se que as propostas pedagógicas na área da dança-educação deverão propiciar metodologias não-diretivas que possibilitem aos alunos a expressão corporal, a criatividade, a autonomia, a fim de que possam a partir da vivência desta manifestação compreender e ampliar seus conhecimentos sobre a realidade em que vivem.
Diante de tais concepções, abordaremos inicialmente, a história da dança, enfatizando alguns pontos como o surgimento e suas origens, desde os tempos primitivos e sua evolução no decorrer dos séculos até os dias atuais, apresentando sua construção histórica no Brasil, mostrando as diferentes culturas através das danças folclóricas de cada região.
No segundo momento, desenvolvemos a temática da dança na escola como conteúdo da Educação Física. Situamos as análises sobre o que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – Educação Física (BRASIL, 1998) afirmam sobre a dança e quais os benefícios que sua aplicação nas aulas de Educação Física escolar poderão proporcionar.
Esperamos que este trabalho possa trazer suas contribuições, desafiando os professores de Educação Física para uma reflexão sobre a importância da dança tanto no âmbito escolar, como no contexto do lazer.
1. Pelos caminhos da história da dança: alguns apontamentos
A dança é considerada uma das artes mais antigas. É a única que dispensa qualquer material como ferramenta, pois depende somente do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função, conforme analisou Nascimento (2002).
De acordo com o Langendonck (2009) na Era Primitiva, entre 9000 e 8000 A.C, nos períodos Paleolítico e Mesolítico, a dança estava relacionada diretamente à sobrevivência, no sentido de que os homens vivendo em tribos isoladas e se alimentando de caça, pesca e frutos colhidos da natureza, criavam rituais em formas de dança, buscando impedir que eventos naturais pudessem prejudicar suas práticas.
Segundo Cavasin (2004 apud CAMINADA 1999, p. 22), na forma mais elementar, a dança se manifesta através de movimentos que imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem e que trazem consigo a idéia de que esta imitação tornará possível a incorporação de poderes sobrenaturais.
Na mesma direção, Portinari (1989) afirma que a dança estava presente celebrando as forças da natureza bem como as mudanças das estações. Contudo, até hoje não se tem clareza de quando e por que o homem dançou pela primeira vez. Na medida em que arqueólogos conseguem traduzir inscrições dos povos pré-históricos, elas nos indicam a existência da dança como parte integrante de cerimônias religiosas, permitindo afirmarmos que talvez esta tenha nascido concomitantemente à religião.
Dançar pode significar uma tentativa de comunicação, de expressão de sentimentos e idéias, ou de rituais, como bater as mãos e os pés ritmicamente para aquecer os corpos antes da caça e dos combates. “A dança nasce com o homem. Já nas cavernas, ele batia os pés ritmicamente para se aquecer e comunicar. Em todas as civilizações se dança, de maneira diferente e por vários motivos” (BOGÉA, 2002, p.48).
Antropólogos e arqueólogos assumem que o homem primitivo dançava como sinal de exuberância física, rudimentar tentativa de comunicação e, posteriormente, já como forma de ritual. Dançou-se assim desde tempos imemoriais, em trono de fogueira e diante de cavernas: gestos rítmicos, repetitivos, ás vezes levado ao paroxismo, serviam para aquecer os corpos antes da caça e do combate. Nas mais remotas organizações sociais, a dança estava presente, celebrando as forças da natureza, investidas bélicas, mudanças das estações. (PORTINARI, 1989, p.17)
Segundo as afirmações de Langendonck (2009), foram encontradas gravuras de figuras dançando nas cavernas de Lascaux, na medida em que usavam essas inscrições para relatar aspectos do dia-a-dia e de sua cultura, relacionada à caça, pesca, morte e rituais religiosos,
Em busca destas respostas decidimos estudar o tema de forma mais aprofundada. A dança sempre fez parte da vida humana e antes mesmo do homem falar ele se expressava corporalmente por meio da dança ritualística buscando aproximar-se das forças da natureza. Tavares (2005, p. 93) explica que existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver.
Com o passar dos anos, a dança foi sendo cada vez mais conhecida e valorizada. Atualmente, é um importante conteúdo de ensino e aprendizagem nas aulas de Educação Física escolar, no entanto, é pouco explorado, ou ainda é desenvolvido de forma descontextualizada.
A Educação Física, segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 41), possui conhecimentos específicos a serem tratados pedagogicamente, sistematizados no contexto escolar. Dentre esses conteúdos, materializados na expressão corporal como linguagem, encontra-se a dança.
Segundo Verderi (2000, p. 59), a dança pode criar condições para que se estabeleçam relações interativas, propiciando o conhecimento do próprio corpo e de suas possibilidades como forma de compreensão crítica e sensível do mundo que nos rodeia. No entanto, o trabalho com este conteúdo na escola, muitas vezes, se restringe as apresentações em festividades escolares, “as dancinhas”, ou seja, coreografias elaboradas exclusivamente pelos professores a serem incorporadas de forma “mecânica”, as quais não têm significado para os alunos, pois são tratadas de forma superficial.
De acordo com Marques (2007, p. 101), um repertório de dança bem ensaiado não cumpre o papel artístico e educativo. A dança na escola tem o compromisso de “ampliar a visão e as vivências corporais dos alunos em sociedade a ponto de torná-lo um sujeito criador-pensante de posse de uma linguagem artística transformadora”.
Ressaltamos aqui a importância da dança como patrimônio histórico cultural da humanidade e como linguagem artística que possibilita o desenvolvimento da criatividade, de uma forma de expressão poética de idéias, sentimentos, visões de mundo.
Não podemos nos esquecer também de que a dança já faz parte do contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais tanto de Educação Física como de Arte, ou seja, uma prática da cultura corporal a ser desenvolvida de forma interdisciplinar na escola. (BRASIL, 1997; 1998).
No entanto, Marques (2007) ressalta que na maioria dos casos os professores não sabem o que, como ou até mesmo por que ensinar dança na escola, refletindo as lacunas na formação profissional em Educação Física. Portanto, admite-se que as propostas pedagógicas na área da dança-educação deverão propiciar metodologias não-diretivas que possibilitem aos alunos a expressão corporal, a criatividade, a autonomia, a fim de que possam a partir da vivência desta manifestação compreender e ampliar seus conhecimentos sobre a realidade em que vivem.
Diante de tais concepções, abordaremos inicialmente, a história da dança, enfatizando alguns pontos como o surgimento e suas origens, desde os tempos primitivos e sua evolução no decorrer dos séculos até os dias atuais, apresentando sua construção histórica no Brasil, mostrando as diferentes culturas através das danças folclóricas de cada região.
No segundo momento, desenvolvemos a temática da dança na escola como conteúdo da Educação Física. Situamos as análises sobre o que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – Educação Física (BRASIL, 1998) afirmam sobre a dança e quais os benefícios que sua aplicação nas aulas de Educação Física escolar poderão proporcionar.
Esperamos que este trabalho possa trazer suas contribuições, desafiando os professores de Educação Física para uma reflexão sobre a importância da dança tanto no âmbito escolar, como no contexto do lazer.
1. Pelos caminhos da história da dança: alguns apontamentos
A dança é considerada uma das artes mais antigas. É a única que dispensa qualquer material como ferramenta, pois depende somente do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função, conforme analisou Nascimento (2002).
De acordo com o Langendonck (2009) na Era Primitiva, entre 9000 e 8000 A.C, nos períodos Paleolítico e Mesolítico, a dança estava relacionada diretamente à sobrevivência, no sentido de que os homens vivendo em tribos isoladas e se alimentando de caça, pesca e frutos colhidos da natureza, criavam rituais em formas de dança, buscando impedir que eventos naturais pudessem prejudicar suas práticas.
Segundo Cavasin (2004 apud CAMINADA 1999, p. 22), na forma mais elementar, a dança se manifesta através de movimentos que imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem e que trazem consigo a idéia de que esta imitação tornará possível a incorporação de poderes sobrenaturais.
Na mesma direção, Portinari (1989) afirma que a dança estava presente celebrando as forças da natureza bem como as mudanças das estações. Contudo, até hoje não se tem clareza de quando e por que o homem dançou pela primeira vez. Na medida em que arqueólogos conseguem traduzir inscrições dos povos pré-históricos, elas nos indicam a existência da dança como parte integrante de cerimônias religiosas, permitindo afirmarmos que talvez esta tenha nascido concomitantemente à religião.
Dançar pode significar uma tentativa de comunicação, de expressão de sentimentos e idéias, ou de rituais, como bater as mãos e os pés ritmicamente para aquecer os corpos antes da caça e dos combates. “A dança nasce com o homem. Já nas cavernas, ele batia os pés ritmicamente para se aquecer e comunicar. Em todas as civilizações se dança, de maneira diferente e por vários motivos” (BOGÉA, 2002, p.48).
Antropólogos e arqueólogos assumem que o homem primitivo dançava como sinal de exuberância física, rudimentar tentativa de comunicação e, posteriormente, já como forma de ritual. Dançou-se assim desde tempos imemoriais, em trono de fogueira e diante de cavernas: gestos rítmicos, repetitivos, ás vezes levado ao paroxismo, serviam para aquecer os corpos antes da caça e do combate. Nas mais remotas organizações sociais, a dança estava presente, celebrando as forças da natureza, investidas bélicas, mudanças das estações. (PORTINARI, 1989, p.17)
Segundo as afirmações de Langendonck (2009), foram encontradas gravuras de figuras dançando nas cavernas de Lascaux, na medida em que usavam essas inscrições para relatar aspectos do dia-a-dia e de sua cultura, relacionada à caça, pesca, morte e rituais religiosos,
Artigo escrito e publicado de Caroline de Miranda Borges.
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