Festa No DF


Com a presença de diversos grupos de Folia e shows de Zé Mulato e Cassiano, Irmãs Galvão e Pereira da Viola, dentre outras atrações populares e tradicionais, evento reúne milhares de pessoas no EXPOBRASÍLIA, Parque da Cidade, entre os dias 18 e 19 de fevereiro.
Realizado sem interrupções há dez anos pelo Clube do Violeiro Caipira de Brasília, o Encontro de Folias de Reis ultrapassou em muito as fronteiras do Distrito Federal, reunindo grupos de Goiás, Minas Gerais e Tocantins. São Paulo e Santa Catarina também já estiverem representados e até um grupo do Morro da Mangueira, Rio de Janeiro, já participou do evento. Sempre tendo como sede a Granja do Torto, desta vez, o encontro acontecerá no Parque da Cidade.
A importância das Folias de Reis para a cultura do Distrito Federal e o formato do encontro, que respeita a dinâmica tradicional dos grupos, garantiu a sua inclusão no Calendário Oficial de Eventos com a aprovação da Lei nº 3.252 de 19 de dezembro de 2003. As atividades pretendem mostrar a diversidade das expressões artísticas associadas ao festejo, como a Catira, a Sussa e o Lundu, através de apresentações, oficinas, exposições e rodas de prosa. Manifestações espontâneas de violeiros e outros músicos dão colorido especial à festa que também propicia a discussão dos problemas comuns aos grupos e a busca de soluções coletivas, como a proposição do registro das Folias como patrimônio imaterial, surgida no último encontro.
“Em janeiro de 2010 o evento recebeu cerca de 1.200 foliões, originários de seis Estados, e reuniu 80 artistas, locais e nacionais, em 75 diferentes apresentações. Agregamos ainda o artesanato, a culinária e as tradições orais. Cerca de 50.000 visitantes compareceram nos quatro dias”, relata Volmi Batista, presidente do Clube do Violeiro.
As Folias de Reis ocorrem em toda a região central e sul do país e são guardiãs de saberes muito antigos, transmitidos de geração a geração pelos guias e embaixadores aos foliões mais novos. Todo ano, no período das festas natalinas, as Folias percorrem as casas dos moradores. Em retribuição, aqueles que recebem a visita das Folias ofertam alimentos e outros bens que são utilizados para a realização da festa de Reis, de preferência no dia 06 de janeiro. Por conta desta tradição o encontro promove a coleta de alimentos que são doados aos grupos e a outras entidades assistenciais.
Em Brasília, a festa é realizada por migrantes de todo o país, que ajudaram a construir a cidade. A Folia de Reis de Brasília, ao longo de uma década, vem divulgando essa festa folclórica e conquistando mais adeptos, inclusive jovens urbanos, que não tiveram a oportunidade de conhecer de perto os costumes e a cultura da zona rural.
A Folia de Reis do Distrito Federal reafirma a tradição ao envolver mestres, foliões e público no mesmo compromisso cultural. Com expressão de fé e amizade, o encontro configura participação sócio-religiosa, uma identidade local e nacional da festa. A cada encontro procura-se acrescentar às diversas localidades rurais e urbanas do DF e Entorno elementos originais para a compreensão das práticas de manifestações culturais, por meio de uma discussão sobre a cultura popular.
Os grupos começam a ensaiar em novembro e dezembro, geralmente nas casas dos mestres, onde são entoadas canções tradicionais e são acrescentados novos versos.

Tradição de fé, arte e cultura
A Folia de Reis, ou Reisado, ocorre entre a véspera de Natal e o dia 6 de janeiro, Dia de Reis. É animada por músicos, geralmente autodidatas, das localidades onde a festa ocorre, seguidos de brincantes, vestidos com roupas simples e chapéu. Levam nas mãos imagens de santo e estandartes coloridos. Tocam viola, rabeca, cavaquinho, violão, sanfona e outros instrumentos.
Com versos ritmados por um extenso repertório musical, os foliões saem de casa em casa em giro numa representação da viagem dos Três Reis Magos à procura do menino Jesus. Encontrarão o menino Jesus no presépio ou na lapinha (como alguns costumam dizer) e, com isso, expressarão sua adoração a Deus, fundido na figura da Sagrada Família.
As apresentações da Folia de Reis ou Reisado começam com a cantoria na porta da casa do devoto, depois, diante do presépio, altar ou lapinha, cantam hinos de louvor, rezam ou cantam terços, e costumam atender pedidos de pagamento de promessas. Só após dar vivas aos os presentes e, principalmente, ao dono da casa, a santos e aos Reis é que os foliões estão liberados para um aperitivo e o jantar.
Em seguida, de acordo com a região, se canta e dança catira, lundu, curraleira, fandango, cana-verde, chula, samba e moda de viola. Na marcha de saída, os foliões se despedem e vão para outra casa repetir o mesmo ritual. É tradição em qualquer região o dono da casa oferecer comida e bebida com fartura.
No variado cardápio, pode-se encontrar guariroba, arroz com pequi, macarrão grosso com frango, farofa de miúdos, carne de porco, gado e galinha, e não pode faltar a "pelota", feita de carne moída. Na parte de bebidas, são servidos vinho, licor e, principalmente, cachaça.
Muitos descrevem a Folia de Reis como uma cultura popular, que, de acordo com as especificidades da geografia brasileira, pode ser chamada de Banda de Folia de Reis, Folia de Santo Reis, Reisado, Terno de Reis, Terno de Santos Reis, Música de Folia de Reis, Caixa de Folia de Reis, Boi de Reis.

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